15.07

É nestas noites de pouco sono que continuo a acreditar numa troca de olhares.
Olho o céu como quem reza o terço ao acreditar em aparições.
Sentada na relva tão verde, olho o céu escuro e já que não posso ter a certeza se os nossos olhares trocam nessa longíqua luz que ilumina toda a noite, com certeza vos digo que mesmo passado dias, as estrelas continuam a não serem suficientes, continuam a não chegar para cada uma delas dar um nome, nome das pessoas de quem amo.
Já que as estrelas não chegam, chega o coração, esse tem espaço suficiente.
Chega também a saudade.
"Oh saudade, que aumentas de dia para dia..."

De tanto olhar para o céu, de tanta esperança a ter dos nossos olhares sem terem mesmo trocado, basta-me ir dormir a pensar que tivera acontecido aliviando assim a tristeza.
Tiro a roupa, fico como à terra vim, nua, é assim que me sinto melhor, é assim.
Debaixo dos cobertores meto-me e dou um último suspiro de desejo, desejo de ter o conforto de alguém ao meu lado.
Fecho os olhos, está escuro, agora quem manda é a mente. A imaginação faz ver por vezes de forma surreal.
São as boas imagens que sobem quando não são verdadeiras, são os sonhos, tão desejados sonhos e porque acordamos dessa surrealidade, por vezes preferia viver lá, num mundo de sonhos. Por vezes preferia não ver o que doí, porque quando acordo doí ao saber que nada é verdade.
Tenho ansiedade de vos ver, por isso à meio da noite acordo. Estou quente, parece que alguém esteve ali antes comigo, que alguém tivera agarrado e coberto meu corpo. Mas não, é o calor de verão, o calor dos lençóis que me cobrem noite à noite. Aquece, mas este calor é àspero, não é o calor que tanto desejo, um calor sentimental, não como este que vai e vem, que evapora a água tornando-a em chuva.
Quero um calor mais presente, o calor de quem amo, um calor que não mude conforme das estações. É esse calor que tanto desejo quanto antes de fechar os olhos que suspiro.
Mas quem vai dar-me esse tão belo conforto para o resto da vida, quem...
Resta-me senão deixar o tempo resolver o resto, esse tempo, aquele que custa a passar na vossa ausência, aquele que quando por perto vos tenho passa a velocidade da luz. Mas nem só o tempo resolverá, também o coração, tão frágil o coração.
Será ele que vou agir e não por pena. Sim, por vezes de tão mole coração ter é por pena que actuo.
Pena ou cobardia? Terei eu pena ou cobardia de infrentar o presente?
O presente, por vezes tão cruel mas tão merecido. Porque se algo está mal é porque algo de mal fiz, é porque nem sempre os caminhos pelos quais obtei não foram os melhores.
Vem do passado, esse passado que por vezes tanto nos aturmenta.
É por isso que hoje, enquanto aqui mais um desabafo tento melhorar. Melhorar parece-me ser a palavra correcta.
Melhorar no presente, pois o presente de agora será o passado do nosso futuro. Quase que é legítimo dizer que o futuro está em nossas mãos, quase mas quase é uma incerteza. Não chega e como as dependências são prato do dia, resta-nos acreditar numa ajuda, num pensamento mutuo ao nosso.

Não vou deixar de lutar, não, não vou deixar de dar o meu melhor por pensamentos negativos, só porque penso que alguém nos vai destruir o sonho após tanta luta pois antes de dependermos dos outros dependemos de nós.
Olhar em frente e pensar que um dia, mas só um dia os sonhos serão verdade, esses sonhos de quando te deitas e fechas os olhos.


07'2007